quinta-feira, maio 01, 2014

O judiciário e a antidemocracia

O acirramento dos debates em ano de disputa eleitoral do cargo mais cobiçado na política – a Presidência da República – é compreensível e faz parte da democracia. É legítima a vontade e a busca do poder.
Mas a qualidade da democracia depende da disposição moral, não só dos pretendentes diretos ao cargo, mas também dos cidadãos responsáveis pelas estruturas que dão sustentação ao Estado. O Judiciário, por exemplo.
É triste, porque não dizer revoltante, assistir o ministro Joaquim Barbosa dar mostra clara de perseguição aos condenados da AP 470, colocando-os em situação vexaminosa, humilhando-os em público e impondo cerceamento aos direitos comuns do regime prisional.
A condenação dos Josés - Dirceu e Genoino - vai além do cumprimento dos anos prescritos em pena.
Os réus estão condenados ao descaso, ao desrespeito das autoridades à história de vida de cada um, fundamentada na luta pela liberdade e apreço às causas populares. Eles estão pagando caro pelo pertencimento a uma frente que substituiu o sociólogo intelectual pelo trabalhador iletrado no Palácio do Planalto.
Como se vê, a postura do Judiciário no trato dos réus da AP 470 exerce influência torpe na escolha da próxima ou do próximo presidente do País. De um lado, alimenta a descrença no ambiente político. De outro, promove a descrença no Partido dos Trabalhadores.
E se a intenção é enfraquecer o PT, então a questão é mais séria do que parece.
Como diz Bobbio, não existe democracia se há cidadãos mal educados para as regras do jogo democrático.

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