quarta-feira, março 25, 2015

Dá dó do Paraná. Coitado.

Fui uma das corajosas a sair às ruas com a bandeira do PT e material de campanha da então candidata ao governo do Paraná Gleisi Hoffmann(PT) nas últimas eleições.

Corajosa porque aqui em Curitiba – falo da minha realidade – durante anos e anos a população aprendeu a cultivar ódio ao vermelho das lutas.

Não foram poucos os motoristas, a abrir a janela dos seus carrões de vidro escuro para xingar e fazer gestos obscenos à militância em mobilizações.

Eu e os demais companheiros acreditávamos no projeto que defendíamos.
Em paralelo, sabíamos também do caos em que o Paraná se encontrava. Falência moral e econômica na mesma intensidade. Um verdadeiro bacanal político nos corredores palacianos.

Embriagado pelo discurso engessado e campanha milionária, o povo deu vitória fácil ao Beto Richa(PSDB).

Democracias à parte, o paranaense se revelou cúmplice do maior escândalo financeiro na história republicana das araucárias.

O dedo médio em riste e o eco do VTNC estão bem vivos na memória.

terça-feira, março 24, 2015

O diabo veste apartidarismo

O empresário Rogerio Chequer, que se auto intitula porta voz do movimento Vem Pra Rua, é o mentor pelos protestos do último dia 15. 
Trata-se de uma pessoa sagaz, eloquente e assustadoramente persuasiva. Usa o critério do apartidarismo para justificar as ambiguidades de posicionamento na política. 
Muito embora reconheça falha em todos os políticos, centra a ira na Dilma e ao PT. Diz não haver respaldo político nem jurídico para impeachment, mas não descarta a possibilidade de a qualquer momento o assunto possa ganhar força.
Ao se reportar ao Lula, os lábios tremem, o olhar estala. Demonstra uma raiva incontida do ex presidente. Atribui ao o petista a polarização rico x pobre. Segundo Chequer, nociva ao país.
Tem resposta na ponta da língua para justificar o voto dele e do seu grupo ao Aécio. Diz não recomendar voto em branco e a única alternativa então seria votar no tucano.
Faz de conta não entender direito o que significa democratização da mídia, mas alega, no entanto, não haver motivos para mexer no nicho.
É a favor da diminuição do Estado; redução do número de ministérios, mas não quer ser taxado de defensor do estado mínimo.
Seguro de si, prepara para o dia 12 de abril uma nova rodada de manifestações com o mote “Eles não entenderam nada”. E vai mais além. Pretende interiorizar o movimento.
Confesso. Tenho medo do Rogerio Chequer. O diabo é carismático, justiceiro e arrogante.
Ontem, no Roda Viva.

domingo, março 08, 2015

Povo hipócrita semeia hipocrisia

Um recado a você que não se conforma, joga praga, xinga a mãe dos políticos julgados pela Globo na operação Lava Jato.

Aquele deputado simpático que aparece na tua casa a pedir votos se apresentando como primo da sogra da tua sobrinha neta, no maior orgulho de pertencer à família, gasta uma grana sem tamanho em santinhos, viagens, propaganda na TV e cabos eleitorais. De onde vem o dinheiro?

O candidato a governador cheio de boas intenções, com jeitão de sabido e competente, finge que presta conta do dinheiro gasto nas campanhas e os órgãos de controle fingem que fiscalizam na maior desfaçatez. Passa ano, entra ano e tudo é a mesma coisa.

Aquele vereador conhecido teu com cara de amigão de longa data, distribui um monte de dinheiro que ninguém sabe de onde veio às ditas lideranças comunitárias do bairro.

Todos os políticos - eu disse todos – gastam dinheiro nas campanhas, eleitos ou não. Uns até lucram.

Agora pense comigo. De onde vem os recursos? Quem financia? Quem doa? Por que da ajuda?

Faço toda esta ladainha para dizer o seguinte.

Da forma como o sistema político hoje é configurado não existe político inocente nem inocência nas intenções.

Então tudo deve continuar como está?

Não. Alguma coisa deve ser feita, a começar por mudanças na legislação e nos costumes. Enquanto existir brechas na lei, gente a querer ganhar dinheiro fácil em campanhas eleitorais e 54 políticos entre aos milhares do mesmo naipe a dar audiência à Globo, a farra vai continuar.

sexta-feira, março 06, 2015

O Brasil tem jeito. É só querer

Vivemos um momento impar na história. Pela primeira vez um governo teve a coragem de investigar a roubalheira da Petrobrás. Chantagens, mordomias, caixa-dois, faturamento exagerado, fizeram rotina na estatal desde sua criação. No entanto, só agora a sujeirada veio à tona.

Corrupção não se faz sozinha nem tampouco por animais. É a cabeça humana a grande responsável dos atos mal feitos.

Só que esse humano prejudicado com o andamento do processo se revoltou. Decidiu guilhotinar a presidenta da República.

O Congresso Nacional do Eduardo Cunha (PMDB)l atolado nas próprias mazelas, não se dá conta da real situação política e econômica do País. Ao invés do bom debate e busca de consenso, age na prepotência ; se apoia na bancada BBB (bíblia-boi-bala)* para difundir bravatas; inverte prioridades; boicota o sonho de milhões de brasileiros ávidos de equilíbrio e paz no País.

A câmara alta na batuta de Renan Calheiros (PMDB) tenta sem êxito se equilibrar no bom senso exigido dos pares. Esbravejam, patinam; não evoluem em medidas para tirar o Brasil da insegurança política e econômica que se avizinha.

Inúmeras reuniões temáticas já foram feitas para discutir a Reforma Política. Nas contribuições, cada senador impondo sua própria maneira de ver e pensar o mundo político. É difícil, muito difícil prosperar mudanças numa casa de tantos egos inflados e interesses pessoais sobrepostos.

Mas o Brasil tem jeito.

Dilma ganhou as eleições e ponto final. Democracia não se discute.

Mesmo contrariando interesses de gente da pesada, o governo federal desnudou a Petrobrás e hoje os brasileiros podem cobrar transparência e eficiência na gestão da empresa. Se antes assim não procediam, era porque não sabiam da existência de corrupção na estatal.

Os brasileiros podem e devem cobrar mudanças na política.

Exige-se uma reforma decente que democratize o acesso do pobre, da mulher ao poder; uma reforma que priorize ideias ao invés da maquiagem da TV e dos altos custos das campanhas; uma reforma que limpe o Brasil da vergonha de ver engravatado passando a mão no jarro.

O povo na rua dia 13 de março saberá dar o recado. Com certeza.

*Não lembro quem criou a sigla.