Durava mais que semanas a greve
E o acordo não apareceu
Então governo no assomo dos loucos
Iniciou uma guerra violenta.
Ao ver professores caídos ao chão
Se afastou e pensou assim:
Que atirem neles, não em mim.
Estouro, fumaça e bombas
surgiam de cima e de frente
E a polícia obediente a jogar mais e mais.
Até que uma ideia chegou ao front
O carro de som recolher.
Tiraram então professores a força
De cima e de baixo, rês ao chão
E o mandante disse:
Tá bom pro serviço? Ainda tem muito pra dar!
Tem gás, spray de pimenta, lacrimogêneo do bom
Pit bull treinado prá atacar
Saíram dali levando o fotógrafo
Com jorros de sangue a estancar
O ceu já apodrecia
De fumaça fétida e densa.
E uma mãe corria assustada.
Chorava em seus braços uma criança
E como o cheiro ardia as entranhas
Um jovem ia em frente, com vinagre na mão
Passando nos olhos o líquido da salvação
Para encobrir o horror.
Palavras de ordem abafadas
em meio a confusão.
E as bombas fazendo bum bum trá trá
Para que professores fugissem
das ordens do patrão
Dois professores erguiam o ferido
Para mantê-lo em pé
Pois se ele caísse no chão
Virava um monte de lixo!
Atrás do palácio um homem de terno
Usando gravata engomada
Mau cidadão sem prudência de ser
Um algoz da Pátria Amada!
Do opressor, a oprimidos aos tantos
O cerco então quis completar
Em palco de sangue, traumas de guerra
De memória militar.
Inspirado da Balada do soldado Morto, de Bertolt Brecht