domingo, abril 26, 2015

50 TONS DE GOLPE



A Globo se esmerou bastante na qualidade do programa exibido sábado à noite em comemoração aos seus 50 anos.

Num flash back de fazer inveja, mostrou e comentou programas exibidos desde 65. Fez uma viagem pelas novelas, minisséries, eventos esportivos e, claro, dos fatos históricos testemunhados e registrados pela emissora ao longo das cinco décadas de jornalismo.

Um programa técnica e emocionalmente perfeito.

Afinal, quem nunca ouviu um plim-plim na vida que atire a primeira pedra.

A Rede Globo presta inegável colaboração à indústria do entretenimento. As novelas produzidas pela emissora são reverenciadas no mundo todo. Lucélia Santos foi recebida na China com honrarias de estado pela sua interpretação na novela Escrava Isaura transmitida naquele país. Cuba mudou seu conceito no ramo gastronômico ao popularizar o Paladar, rede de restaurantes inspirada no papel de Regina Duarte na novela Vale Tudo. A ilha literalmente parou para assistir o último capítulo da novela.

Até ai, tudo bem. Mas tem um porém.

Para conseguir se projetar de tal forma aqui e lá fora, a Globo vestiu a camisa do diabo. Apoiou a ditadura; seus donos acumularam riquezas estratosféricas em detrimento a imensa pobreza reinante no país. E mais. Em seu próprio interesse, omitiu, alterou e manipulou fatos.

Dos atos em prol das Diretas Já, o Jornal Nacional preferiu a banalização. Das eleições livres logo após o Brasil se livrar da ditadura, preferiu a manipulação. O trauma da edição tendenciosa do debate Lula x Collor na véspera das eleições em 89 ainda machuca.

Ou seja. O jornalismo da emissora pecou. Pior. Continua a pecar.

É cinismo pedir redenção dos atos falhos, se o jornalismo da casa continua polêmico.

Até os mais reticentes ao petismo, admitem que governo Dilma dá mostras de brio e coragem ao investir fundo nas investigações de desvios de dinheiro ao erário.

É como mexer num vespeiro. Quanto mais mexe, mais sujeira aparece. Roubalheira de décadas não só na Petrobrás, mas também em evasão bilionárias de divisas e sonegação de toda ordem.

Se não bastasse, estados, municípios, casas legislativas, judiciário e outras estruturas agem sem o mínimo pudor para colocar a mão no bolso do contribuinte.

E como a Globo abre o Jornal Nacional?

“Operação Lava Jato prende mais um petista.”

“Petistas envolvidos em mais um escândalo da Lava Jato.”

O jornal ocupa mais da metade do tempo num requentar de notícias fragmentadas, com aprofundamento duvidoso sob o aspecto da universalidade dos fatos.

Os índices de audiência do Jornal Nacional despencam dia a dia. E não é para menos.

Parabéns aos 50 anos de entretenimento.

Quanto ao jornalismo da Globo, esse não dá para tirar o chapéu.

sexta-feira, abril 24, 2015

Nunca é tarde


Este diploma tem um significado muito especial. Mais que um título, é a realização de um sonho interrompido nos anos 70.

Em 1972 comecei estudar Comunicação Social na UFPR. Cursei o primeiro ano, mas não consegui renovar a matrícula para o período seguinte.

Engraçado. Eles não diziam não. De um guichê a outro, solicitavam documentos, mais e mais certidões, Ao entregá-los, alegavam prazo de validade vencida, irregularidades.

Anos mais tarde entendi que o motivo em dificultar ao máximo a rematrícula dizia respeito às “más companhias”. A convivência com jovens subversivos era mal vista pelos donos do poder infiltrados na academia na época Auge dos anos de chumbo.

Vida que segue. Novos projetos. Outra graduação, filhos, maturidade, mas a esperança de um dia voltar à Comunicação Social prosseguiu no silêncio das frustrações.

- E AÍ GURIA? QUE ANDA FAZENDO DE BOM? Perguntou Wilson Ramos Filho (Xixo) numa das muitas reuniões político-sindicais as quais acostumamos a participar. E a nos encontrar.

- POR ORA, CURTO O SOSSEGO BEM MERECIDO DA APOSENTADORIA. – Disse eu, feliz em poder trocar umas palavrinhas com uma pessoa muito querida.

- NÃO QUER VOLTAR A ESTUDAR? AINDA TEM VAGA NO CURSO DE JORNALISMO DA UNIBRASIL. PRÁ VOCÊ QUE JÁ TEM UMA FACULDADE É MAIS FÁCIL. NÃO PRECISA FAZER VESTIBULAR.

Fui.

Em 2005 o sonho se concretizou.