sábado, maio 23, 2020

Da reunião ministerial. Cenas de terror.

Hello!! Tarantino, Scorcese... roteiro inspirador.

Gente do céu... não tem como não pensar nas cenas da reunião ministerial divulgada ontem. É tudo muito surreal.

Uma mesa grande oval. Em volta um monte de homens feios, enferruscados e malvados, uma evangélica doida varrida, todos a dar ouvidos a um homem destemperado,  ameaçador, violento por natureza.

Quase duas horas de cenas de terror. Os olhos do presidente saltavam em cada palavrão proferido. As mãos, os dedos a servir de apêndice ao ódio exalado.

De tudo, há de se perguntar.

Que país é esse onde mais de mil pessoas morrem por dia vítimas de um vírus maldito, e o presidente não diz um "a" sobre a essa preocupante realidade?
Que país é esse onde a palavra liberdade, linda como ela só,  significa licença p'ra matar, significa a concessão de espaço para o "eu mando e você obedeça"?
Que país é esse onde homens e mulheres que  se dizem cristãos ouvem calados palavrões que até Deus duvida? 
Que país é esse onde a noticia da morte pode ser útil para fomentar agressões ao meio ambiente?
Que país é esse onde quem não obedece ordens do mandatário, é ameacado de morte, de prisão. É xingado de bosta, vagabundo?
Que país é esse onde militares deixam de servir a Pátria para tornarem-se servis a um governo cujo projeto para o país é não ter nenhum projeto para o país?

Não pode ser. Aquilo não pode ter sido uma reunião ministerial. É pesadelo.

Tá  tudo errado.

Sirlei Fernandes

terça-feira, maio 19, 2020

Se a Globo não quer, dois não brigam



Assim como quem não quer nada com nada, me aproximei do diálogo.
Eram três pessoas: duas mulheres e um homem. Elas, sentadas no chão da área em frente a casa;  ele, beirando o muro do outro lado, sentado no selim  da bicicleta.
Elas; uma ao lado da outra, com um folder evangélico sob o colo, de saias escuras, pernas juntas e cabelos presos. Simpáticas e sorridentes.
Ele; loiro, magro, de barba por fazer, voz eloquente e cheio de histórias p’ra contar.
Todos  sem máscara.
Passei rente ao trio e, sem querer, ouvi as palavras Lula, Haddad e Globo.
Mesmo com sacolas pesadas nas mãos e um peso danado na mochila, pedi licença para ouvir a conversa. Disse haver me interessado pelo assunto e que queria aprender um pouco com eles.
A conversa era sobre a cloroquina. 
O rapaz disse que a não aceitação do medicamento aqui no Brasil diz respeito a briga entre a China e os EUA. Impressionou a certeza dele em afirmar que o país asiático é o único responsável  pela disseminação do Corona Virus.
A ênfase foi tanta que as duas mulheres quase desmaiaram de susto. Exclamaram: “Jesus!”
E continuando.
Ah! Por trás dessa complicação da cloroquina está George Soros. Segundo o ciclista, Soros é o principal financiador do Lula e do Haddad. Que o milionário é dono de laboratório distribuidor de um similar da cloroquina, só que vende o produto por um preço bem mais alto. Então, de acordo com o raciocínio do professor – ele contou que dá aula no Colégio Santa Cândida -  está aí o motivo de a esquerda ser contra, já que está faturando alto com a venda do remédio do  Soros.
E tem mais.
Isolamento, quarentena? Medidas adotadas para a vagabunda [sic] da diretora da escola descansar em Guaratuba. Que países como a Suécia, Coreia do Sul...  dispensaram  esses exageros e nem por isso tiveram pico da doença. Não foram prejudicados na economia.
Sobrou para a Globo.
A grande culpada de tudo o que está acontecendo no país é a mídia. Notícias? Informações verdadeiras? Ainda bem que o povo brasileiro tem a Record.
Entre lábios, deu para perceber um “amém” com ares de agradecimento das mulheres ali sentadas a prestar atenção na convincente fala.
Nenhuma TV presta, mas a Globo virou esgoto. Ela impõe medo. E o medo mata. Não é a Covid19 que mata. É o medo que a Globo finca nas pessoas. Ninguém, absolutamente ninguém, deve assistir a Globo. 
Mais um “amém”.
Só ouvi. Não fiz perguntas, nem tampouco contrariei  o teor,  da “aula” política gratuita a ceu aberto deste dia seco e ensolarado.
Aliás, só fiz uma pequena observação.  Perguntei o que o professor tinha a dizer sobre as fake news, visto que o argumento principal dele ao defender suas ideias é o de que vivemos uma grande mentira. Que tanto na pandemia, como na política, o povo é vitima de informações falsas. 
Nisso, um outro homem surgiu de dentro da casa e, com um sorriso maroto, mandou o “bolsonaro” ir pedalar. O professor riu.
Minha pergunta ficou sem resposta.
As mulheres também se levantaram e... fui.
É muito aprendizado para um dia só.

Sirlei Fernandes