sábado, maio 16, 2015

DO 29 de ABRIL


Durava mais que semanas a greve

E o acordo não apareceu

Então governo no assomo dos loucos

Iniciou uma guerra violenta.

Ao ver professores caídos ao chão

Se afastou e pensou assim:

Que atirem neles, não em mim.



Estouro, fumaça e bombas

surgiam de cima e de frente

E a polícia obediente a jogar mais e mais.

Até que uma ideia chegou ao front

O carro de som recolher.

Tiraram então professores a força

De cima e de baixo, rês ao chão

E o mandante disse:

Tá bom pro serviço? Ainda tem muito pra dar!


Tem gás, spray de pimenta, lacrimogêneo do bom

Pit bull treinado prá atacar

Saíram dali levando o fotógrafo

Com jorros de sangue a estancar


O ceu já apodrecia

De fumaça fétida e densa.


E uma mãe corria assustada.

Chorava em seus braços uma criança


E como o cheiro ardia as entranhas

Um jovem ia em frente, com vinagre na mão

Passando nos olhos o líquido da salvação

Para encobrir o horror.


Palavras de ordem abafadas

em meio a confusão.

E as bombas fazendo bum bum trá trá

Para que professores fugissem

das ordens do patrão

Dois professores erguiam o ferido

Para mantê-lo em pé

Pois se ele caísse no chão

Virava um monte de lixo!



Atrás do palácio um homem de terno

Usando gravata engomada

Mau cidadão sem prudência de ser

Um algoz da Pátria Amada!



Do opressor, a oprimidos aos tantos

O cerco então quis completar

Em palco de sangue, traumas de guerra

De memória militar.



Inspirado da Balada do soldado Morto, de Bertolt Brecht



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