De vez em quando me arrasto
Nas minhas pernas cansadas
Do medo tento e me afasto
De rotas amarguradas.
De vez em quando me arrasto
Nas minhas pernas cansadas
Do medo tento e me afasto
De rotas amarguradas.
Um olhar atento na recente história de lutas dos movimentos de mulheres, constata-se, com inúmeros questionamentos, que muita coisa mudou. Há oito anos - em tempos de Temer e Inelegível - em titubeio constante.
Porque oito se ambos permaneceram seis anos no poder?
Porque estes dois anos do governo Lula mostram que as mulheres, mesmo que a ocupar espaços e empoderadas em cargos de relevância, se ridicularizam em disputas vazias de egos inflados.
Ministérios e secretarias transversais, donde as mulheres deveriam se assemelhar e se unir na defesa de pautas humanitárias, se distanciam do bom combate coletivo.
Hora de rever conceitos e formas de luta.
Lembrar das conferências verticalizadas, marchas históricas, bicicletadas da CUT no 8 de março... Huum! Dá saudade.
Mas o retorno destas agendas ajuda reconstruir a luta pelas demandas atuais? E quais seriam estas demandas?
Cadê o protagonismo das mulheres em defesa da democracia tão violentada como nunca se viu? Cadê a indignação das mulheres frente o sofrimento das mães palestinas a ver seus filhos a morrendo a míngua?
Cadê a iniciativa das mulheres em denunciar misogenia, rascismo, violência, hoje a correrem soltas na web?
Prá pensar.
Recorrer as costumeiras formas de luta? Talvez não. As massas hoje se informam por meio de cliques bem pagos e de alcance inquestionável no mundão virtual.
Fazer o quê?
Aprimorar conhecimentos, principalmente os voltados à modernidade comunicacional, estudar, sair da sala do ar condicionado e dialogar com a vizinha sobre a dupla jornada... aliás...hoje muitas mulheres estão a trabalhar no transporte de aplicativo.
"Mulheres unidas, jamais serão vencidas"... Este mote não morre.
No emaranhado das notícias prevaleceu um entendimento, diga -se de passagem, amargo: ao mesmo tempo em que perdemos, empoderamos um aloprado deputado de primeiro mandato chamado Nikolas. Quem diria!
Uso o verbo na segunda pessoa do plural porque estamos boquiabertos no mesmo barco.
Vamos lá.
A princípio - não sei se por aplausos, expectativas, reticências - esperançamo-nos com a nomeação do Sidônio na Comunicação. Um homem de bagagem inquestionável no convencimento dos feitos e falas.
Aliás, o apelo coletivo por mudanças na área ecoou até em Marte.
Haddad lá, Lula acolá, Sidônio cá e nós aqui a chorar pitangas.
Eis que uma avalanche passa por cima do PT velho de guerra, a destruir coisas simples ao nosso ver, que senão implantar uma medida segura ao cidadão e mecanismos de controle aprimorados.
De repente - parece filme de ficção - uma multidão anônima, quer virtual, quer de carne e osso - se engalfinha contra as mudanças do PIX, a expressar revolta contra o Governo.
E agora José?
Assistir de camarote os desdobramentos?
Confiar na expertise do Sidônio?
Criticar, se calar, se frustrar diante de tamanha encruzilhada?
A realidade é assustadora. Hoje é o PIX. Amanhã, quem sabe?
As esquerdas estão nas mãos da direita extremada rica, sem pudor, antenada em modernidades que até Deus duvida.
E nós?
Um partido cujo ideal repercutiu no eco do auto-falante, no fax do sindicato, na voz do artista rebelde.
Muitos dessa tribo continuam ativos nas hostes petistas a influenciar e palpitar no cotidiano governamental.
Diante de tantas mudanças no jeito das pessoas de se comunicarem com o mundo, estaríamos nós dotados de ousadia, da clareza necessária para se contrapor a guerra virtual?
Que semente estamos a plantar para vislumbrar um PT dinâmico, conectado na rapidez das informações?
Lembrei do Pedro Rossseff.
O Sidônio não faz milagre.
Lula não é eterno.
Eu e você também não.