Eu estava lá na Esplanada em Brasília. De um telão, milhares de militantes acompanhavam a votação do impitima da presidenta Dilma, numa sessão formada em sua maioria por homens corruptos e malvados.
O jogo era de cartas marcadas. Palavreado cínico em nome de Deus, da família e de torturadores saiam daquelas bocas nojentas para justificar o voto golpista.
Do outro lado do gramado, uma galera ensandecida de verde-amarelo e bandeira do Brasil na mão celebrava aos berros a ruptura da democracia protagonizada naquele dia fatídico.
Não esperei até o final. Ao perceber que o golpe estava prestes a se concretizar, sozinha a andar por aquele imenso corredor de gente, dirigi-me ao hotel numa tristeza de fazer dó.
Quis o destino que a minha tristeza ainda fosse maior no caminho.
Com fome, parei para comer um cachorro quente num carrinho ambulante.
Eis que enquanto preparava o lanche aquela senhora obesa, com ares de cansaço e mau humor crônico, exclamou:
"Ainda bem que tão tirando a mulher de lá. Essa Dilma não vale nada!"
Nenhum comentário:
Postar um comentário