Me imagino numa nave a observar o movimento humano na terra. Das alturas, me sinto instigada a ler e entender o pensamento do povo brasileiro.
No burburinho, ouço jornalistas empenhados a falar no amontoado de siglas partidárias. Escuto intelectuais a falar em direita, esquerda, centro etc e tal. Também vejo uma fila de homens e mulheres mascarados a votar em suas cidades. Sem alarde, votam e voltam para suas casas com a sensação do dever cumprido.
O homem que votou numa negra porque negra é, se preocupou em saber a qual partido ela pertence?
A mulher que deu o voto a uma transsexual se orientou por sigla partidária na hora do voto?
O cidadão que votou no índio levou em conta o nome do partido dele?
Um horizonte distinto se configura na razão das escolhas.
A valorização do outro pertencente a história renegada e a aceitação do outro como semelhante capaz de fazer diferenças. Eis a questão.
Será indicio de conscientização coletiva diferenciada se desenhando do espaço?
Sirlei Fernandes
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