Desde 2011 o reajuste do salário mínimo tem regras definidas. O valor é calculado com base no percentual de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mais a reposição da inflação do ano anterior pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
Até então, a definição dos índices era precedida de intensa mobilização social provocada principalmente pelas centrais sindicais. Trabalhadores aposentados e ativos saiam às ruas em luta pelos direitos. Pipocavam manifestações e caravanas seguiam em marcha rumo à Brasília. Tempos memoráveis.
O salário mínimo por decreto - bem ou mal - acalmou os ânimos da agenda sindical no trato do tema.
Mas a reflexão deste texto não é esta. É sobre a convenção coletiva de trabalhadores pertencentes a categorias organizadas em torno de grandes sindicatos.
Nas datas-base, as reivindicações são múltiplas, mas o carro chefe das negociações e o incentivo à deflagração de greve se acentua no impasse das cláusulas econômicas.
Não raro, a intransigência resulta em dias e dias parados, perseguição de chefias - o sindicato pede 10, o patrão propõe 5 e no final fecha-se em 7,5 - reposição ou desconto dos dias parados. Os sindicatos cantam vitória, os trabalhadores nem tanto, e tudo volta ao normal até o próximo ano, quando tudo novamente se repete.
A inquietação está no porquê e a quem interessa o habituê anual de paralisações. Greve é medida desgastante, coloca o trabalhador entre a cruz e a espada: se adere, sofre com o medo da demissão; se fura, é taxado de “fura- greve” pelos colegas. De outro lado, também tem uma população prejudicada pela falta de atendimento.
Ingenuidade não. É sabido que na política grandes líderes nascem do palco das assembléias e que a criação de partidos políticos são facilitados no âmbito das estruturas sindicais.
O discurso da retomada de conquistas e avanços feitos pelas lideranças sindicais é uma forma segura de aproximação e fortalecimento de vínculos com a classe trabalhadora.
Mas então? Custa a crer que, diante dos avanços das relações trabalhistas, da evolução e novas formas de comunicação em todos os meios, o prestígio dos sindicatos esteja atrelado à capacidade de mobilizar os trabalhadores para cruzar os braços.
Não se trata da visão maniqueista de ser contra ou a favor de greve. A questão é pensar em alternativas menos desgastantes e ao mesmo tempo capaz de garantir os direitos dos trabalhadores.
Uma boa saída seria encaminhar as negociações de forma a vincular aumento salarial a indexadores econômicos, aos moldes de como é tratado hoje o reajuste do salário mínimo. Jeito tem. É só pensar numa concepção mais modernizada da relação trabalhador-sindicato. Uma relação adaptada a agilidade própria de quem não tem tempo a perder.
Aos companheiros do movimento sindical, peço desculpas pela ousadia e desde já preparo as costas a bordoadas.
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