Cara companheira Marisa:
Tomo a liberdade de comentar as considerações feitas por você sobre as eleições de 2012, especificamente sobre a política da nossa Curitiba, cidade que escolhemos para morar e brigar por melhores dias.
Vou direto ao ponto ao qual você se reporta à quase vitória do Vanhoni (PT) em 2000. Na época, a direitona que apoiou Taniguchi - concorrente do petista na eleição para prefeito - levou o maior susto da história. Bons tempos. Valeu a pena o empenho e a crença da militância nos projetos por uma Curitiba mais humana, onde o compadre e a comadre poderiam conversar na porta de casa sem medo de serem surpreendidos com um revolver apontado na cabeça.
Mais de dez anos se passaram e de lá para cá muita coisa mudou, inclusive o PT. Naquela época o eleitor via no partido a esperança de experimentar a diferença, quer do discurso político, quer da capacidade de gestão.
Hoje somos governo. Aquele povo que lá atrás votou no Vanhoni, é hoje partícipe dos oito anos do governo Lula e agora da gestão da presidenta Dilma.
Para que essas vitórias fossem merecidamente conquistadas e para que Lula garantisse um bom governo e a Dilma desse continuidade, o PT teve que se moldar aos novos tempos. Senão vejamos.
A experiência de Lula com as sucessivas derrotas ensinou que eleição é um jogo e jogo se entra prá ganhar. Para vencer, é preciso bem mais do que boa intenção e competência. É preciso tática. E ela foi revista. A tática de estender o leque de alianças e de diálogo a setores alheios ao ambiente petista, sem dúvida ajudou Lula a ser presidente da República. Alguns analistas afirmam que a escolha do vice José Alencar foi crucial.
E os petistas? Muitos torceram o nariz, espernearam, mas com o tempo entenderam que foi melhor para o Brasil ver o Lula Presidente ao lado do grande capital, do que ver o Brasil governado pelos tucanos.
A distinção weberiana de ética da convicção e da responsabilidade permite uma melhor compreensão desses meandros da política.
Mas voltemos para Curitiba. Os debates intra partidários se acirram cada vez mais. E isso é muito bom. De um lado estão aqueles que sonham com uma Curitiba administrada por um petista, com candidatura própria. De outro, a opção por alianças programáticas, inclusive com a possibilidade do PT sair como vice.
Para pensar estas questões com os pés no chão, é de bom alvitre lembrar do desempenho do PT nas eleições de 2008. Mesmo com uma votação invejável para o Senado dois anos antes, a Gleisi obteve 18% dos votos contra os 77% do Beto Richa, que levou o caneco no primeiro turno. Esse resultado ruim leva a algumas indagações: Que lições podemos extrair dessa experiência eleitoral, a fim de que possamos nos apresentar à sociedade como uma alternativa real de poder? O que nos diferencia de fato da “concorrência” em termos de projeto e capacidade de gestão? Porque não conseguimos a mesma performance do Vanhoni?
É claro que estas reflexões são feitas a exaustão nos inúmeros encontros que antecedem o pleito. Mas se uma boa tática não for implementada levando em conta o cenário político adaptado às circunstâncias, de nada adiantará. Aí é que mora o detalhe.
Um abraço fraterno
Sirlei
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