Aparentava uns 25 anos ou pouco mais. Magro, barba por fazer e os dentes meio estragados.
Ofereceu- se para cortar a grama a um preço de R$30.
De ferramenta para o trabalho, só uma máquina velha na mão. Nem tesoura, nem vassoura, nem sacos plásticos para colocar o lixo.
Mas o olhar parecia de súplica. O sorriso tímido parecia implorar pelo trabalho.
O tempo ensaiava chuva e Romeu, este é o seu nome, tinha que se apressar na tarefa.
Enquanto uns pingos caiam, Romeu tomou um café e durante o pequeno descanso proseou. Contou que era da Venezuela. Fazia um mês e meio que estava em Curitiba.
A esposa, sogra e a filha de dois anos vieram há dez dias do país vizinho. Eles moram num barraco no Bairro Alto. A mulher procura emprego de diarista, empregada, mas a língua atrapalha.
Romeu anda quilômetros a pé todo santo dia de casa em casa a procura de grama alta para cortar.
Nem todas as portas lhe abrem. Algumas pessoas tem medo de acolher um estranho no jardim.
A chuva pára.
Da porta da sala, dava para ver Romeu sentado na calçada mexendo na máquina. O fio de nylon havia arrebentado.
Ele não tinha dinheiro para comprar um novo fio. Continuou a cortar a grama com tesoura e a tarefa enfim foi concluída.
Levou de presente a vassoura, a tesoura e uns sacos plásticos para facilitar a feitura e contratação de serviços noutros lugares.
Estava longe de casa. Uns oito quilômetros. Lá foi Romeu com um peso danado a carregar nos ombros.
Mas conseguiu um pouco mais de R$30.
Ah.. A filhinha se chama Marta.
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