Hoje o Brasil acordou com mais uma manchete macabra, a morte
de 33 presos em Boa Vista-RR.
Apenas 33 vidas ceifadas a se tornarem anônimas de fato
sepultadas, porque de direito já estão mortas há tempos.
O filho que tinha a esperança de ver o pai um dia sair da cadeia, poder abraçá-lo e
dizer: “que bom que você tá aqui”,
chora.
A mãe que levava sobremesa nos finais de semana na cadeia ao
filho delinquente na esperança de que dia menos dia o Pai Divino tirasse o
rapaz de lá, se desespera.
Enquanto isso, os deveras protegidos da lei discutem
responsabilidades na frieza dos números. Preso custa caro ao Estado. O trabalho
e a educação são substituídos pela retórica da construção de mais presídios.
Erguer paredes é mais vantajoso. Em cada tijolo, a propina descarada. Em cada
obra propositalmente interminável, um aditivo orçamentário.
Uma cadeia privatizada, um preso superfaturado. O Estado terceiriza a segurança. É mais fácil
delegar funções para cuidar de gente cuja vida vale menos que um monte de lixo.
Aos mandantes da Nação, o menoscabo de suas prosopopeias.
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