sexta-feira, janeiro 06, 2017

Bandido bom é bandido morto

Hoje o Brasil acordou com mais uma manchete macabra, a morte de 33 presos em Boa Vista-RR.
Apenas 33 vidas ceifadas a se tornarem anônimas de fato sepultadas, porque de direito já estão mortas há tempos.
O filho que tinha a esperança de ver o pai  um dia sair da cadeia, poder abraçá-lo e dizer:  “que bom que você tá aqui”, chora.
A mãe que levava sobremesa nos finais de semana na cadeia ao filho delinquente na esperança de que dia menos dia o Pai Divino tirasse o rapaz de lá, se desespera.
Enquanto isso, os deveras protegidos da lei discutem responsabilidades na frieza dos números. Preso custa caro ao Estado. O trabalho e a educação são substituídos pela retórica da construção de mais presídios. Erguer paredes é mais vantajoso. Em cada tijolo, a propina descarada. Em cada obra propositalmente interminável, um aditivo orçamentário.
Uma cadeia privatizada, um preso superfaturado.  O Estado terceiriza a segurança. É mais fácil delegar funções para cuidar de gente cuja vida vale menos que um monte de lixo.

Aos mandantes da Nação, o menoscabo de suas prosopopeias.

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