terça-feira, setembro 26, 2017

As mulheres precisam de formação

Este é o entendimento recorrente nos encontros das mulheres petistas. E o que há por detrás desta reivindicação?
A percepção de que os avanços na  luta pela emancipação da mulher na sociedade sofrem recuos dado ao recrudescimento da direita no poder e o consequente conservadorismo emanado dessas forças no tecido social.
A pior constatação deste cenário, é que os valores da direita retrógrada atingem diretamente as mulheres.
Os debates até então havidos sobre a legalização do aborto foram menoscabos no governo golpista. Foram substituídos por crenças religiosas advindos da expressiva representação evangélica no Congresso Nacional.
Um novo padrão da mulher renasce das cinzas  simbolizado pela “bela, recatada e do lar”, mote criado pela Veja, a revista de grande circulação.
Secretarias e ministérios criados nos governos Lula e Dilma em defesa dos direitos às mulheres, orientadas à proteção das mulheres negras, LGBTs foram sumariamente excluídas da estrutura do Governo Federal.
Ainda de quebra, retrocesso na reforma das leis do trabalho prejudicial as mulheres, principalmente as gestantes.
As mulheres precisam conhecer e acompanhar a realidade, no sentido  de se contrapor às investidas machistas descompromissadas com o sentimento e aspirações da mulher na sociedade.  É preciso ser incansável na luta contra o neoliberalismo escravizante, donde o lucro tem mais valia que a vida.     

O Curso de Formação às mulheres é um instrumento importante para a reativação da coragem  e da crença coletiva de que a mulheres podem. Sim. As mulheres podem! 

quinta-feira, setembro 21, 2017

Eu vi em Auschwitz


Em trens pequenos e vagões sem janelas. Assim chegava gente de várias partes do mundo na Polônia. Famílias vendiam o pouco que tinham, juntavam bens e joias, sem jamais imaginar a armadilha que o destino lhes reservaria.
Seguiam pela longa viagem na expectativa de trabalho. Iam naquele comboio, literalmente amontoados e quase sem ar.
Na chegada, o choque. A decepção. A guarda nazista apreendia todos os pertences, inclusive alianças de casamento e ouro do dente.
É horrível. É triste. É chocante.
De fora, uma fileira de 28 enormes barracões. Um ao lado do outro.  A visita começa por um deles. Já de cara num dos compartimentos, montes e montes de calçados velhos. Do outro lado, milhares de óculos amontoados. Aqueles óculos redondos de aro fino usados na época da guerra. Mais a frente, um pavilhão com montes e mais montes de cabelos. O cabelo das mulheres era cortado para fazer agasalho.
Assusta o volume e quantidade dos objetos guardados expostos para visitação pública. Tem explicação. Foram mais de 1 milhão de judeus vitimados pelo nazismo. Ainda na lista persecutória, os negros, ciganos e homossexuais.
Nos demais barracões, lá para quem quiser ver, os beliches de três, quatro andares. Em cada piso do beliche, dormiam oito pessoas. Dava prá ver, super apertado. Muitos prisioneiros não conseguiam dormir. Dores, saudades, frio, os faziam tremer e chorar. O lamento coletivo.
Tifo e malária deixava-os fracos, impossibilitados ao trabalho escravo. Então a guarda abreviava vida. A fogueira funcionava a todo vapor. Crianças não aptas ao trabalho também eram queimadas.
O quarto do castigo era destinado a aqueles que não produziam a contento no eito. Um espaço de um metro quadrado, sem ar. Ali morriam.
Tentativas de fuga do campo eram severamente castigadas. Está lá o patíbulo, a forca, em local estratégico para que os demais pudessem assistir o castigo dos rebeldes ousados.
O tempo de refeição e das necessidades fisiológicas era controlado. Desobediências implicavam em castigo severos.  
O período de permanência no campo não passava de seis meses. Os prisioneiros morriam cedo vítimas da desnutrição, frio e doenças  provocadas pela imundície. Muitos pediam prá antecipar a morte dado o sofrimento desalentador.
Alguns barracões serviam de estábulo à cavalaria e ao mesmo tempo de dormitório.
A câmara de gás foi a forma mais utilizada pelos nazistas para matar os judeus.
...
Eu vi. A história está lá para quem quiser testemunhar.
De tudo, o que mais assusta é saber que em pleno século 21 - 70 anos após o registro do maior genocídio na humanidade - grupos autodenominados neonazistas surgem das trevas no Brasil.
É de se perguntar o que passa na cabeça de um jovem capaz de tatuar o símbolo nazista no corpo e exibi-lo como troféu de bravura.
Eles estão soltos por aí semeando ódio e discórdia, impunes.




sexta-feira, julho 28, 2017

Governo Federal e Rio juntos no combate à violência

As Forças Armadas estão nas ruas para proteger o povo carioca. A violência está sob controle? Menos manchete de gente morta?
Não. O problema não está resolvido. Apenas mais uma vez   postergado.
Por trás  de cada morte - quer do policial, quer do cidadão civil - há a má vontade histórica dos governantes em encarar de frente a questão do narcotráfico, realidade presente nos helicópteros planadores das fazendas em território tupiniquim. Na carnificina de negros, crianças e inocentes, há a intencional omissão do Estado no vai e vem  do tráfico de drogas e armas.  Atrás de cada vida ceifada há o vultuoso lucro não tributado da transação ilegal.
O tabu continua.
O tucano Raul Jungmann ministro da Defesa de Temer - cuja pasta não se sabe o que faz nem prá que serve – nem por um instante falou de ações efetivas para tornar a cidade maravilhosa menos perigosa.  A violência não surge do nada. Tem causa. Tem reação.

O exército fica na rua até o final do ano. Depois o Rio volta ao Deus dará.  

domingo, junho 11, 2017

Salvemos o Brasil

Michel Temer é capaz de tudo para salvar a pele. O jogo está empatado.

O país assiste passivo o ir e vir de um presidente sujo, golpista e rejeitado pela maioria do povo, a armar  sórdidas tramoias contra o STF;
a usar  estruturas do governo e prerrogativas do cargo para nomear e controlar as ações da Polícia Federal com o claro intento de bloqueio às investigações;
a perseguir e prejudicar empresas e pessoas que ousam incluir seu nome no rol dos corruptos;
a transformar o Planalto num bunker mafioso em próprio benefício.
As  cartas estão na mesa.
Meio congresso, contra. Meio congresso a favor.
Meio judiciário contra, Meio judiciário a favor.
Só resta ao povo o desempate.

domingo, maio 14, 2017

Diferenças e significados


Conheci dona Jandira no ônibus após o ato pró Lula na Praça Santos Andrade.
Há tempos não se via tanta gente vermelha, alegre, com adesivos na roupa e bandeira na mão no transporte coletivo curitibano.
Na voz dos seus 70 anos ou mais, escuto dona Jandira comentar com o vizinho de banco que estava na praça desde a hora do almoço; que não iria arredar o pé  de lá  até que o ex presidente chegasse.
Disse ainda emocionada, que seu maior sonho era tirar uma foto bem pertinho do Lula.
Pensei.
No palco, militantes e políticos às dezenas acostumados a poses e closes, acotovelando-se para aparecer bem na foto.
Eles, a alimentar o ego proporcional ao número de curtidas nas redes sociais.
Ela, dona Jandira, na esperança vã
de mostrar uma foto com o Lula à família, às comadres, às vizinhas da vila.

Não me contive. Perguntei o nome daquela senhora e disse: Não desanime.

sábado, maio 13, 2017

Toda unanimidade é burra

Combater a corrupção e punir quem a pratica é unanimidade universal.  Justamente por isso, como dizia Nelson Rodrigue, encarar a Lava Jato  como braço da  moral da Pátria  é burrice das grandes.
A mega operação criada para resgatar a moralidade dos homens, encontra-se em plena decadência moral.
No esforço inútil de dar cabo às esquerdas, Sérgio Moro  se perde na posição ora magistrado, ora destruidor de ideologias que não as dele. Moro trocou os pés pelas mãos.
Como dar crédito  à Lava Jato, quando dezenas de praticantes de atos ilícitos provados e comprovados há tempos  passeiam livres e desenvoltos pelos corredores palacianos de Brasília? Em São Paulo também.
Como avalizar os atos do Moro,  juiz  que interroga  Lula alicerçado em  documentos sem assinatura? Ou então que envolve a falecida dona Marisa, em citações  constrangedoras ao ex presidente?  
 Como levar em frente o processo, quando um juiz determina o encerramento do Instituto Lula baseado num parecer inexistente  do Ministério Público?
Como  levar a sério o judiciário, quando um juiz  que - pela aparência a vida nada lhe ensinou –  vai na TV e se diz convicto dos “crimes” do Lula? Crimes desenhados em bolinhas de power point?
Tenho pena do brasileiro que ainda acredita na Lava Jato. O sonhado fim da corrupção cantado em verso em prosa pelos  verde-amarelo que foram as ruas ruiu. Desvaneceu.

Resta ao juiz Sérgio Moro por a cabeça no travesseiro e se perguntar:  “Aonde foi que eu errei?”

sexta-feira, maio 05, 2017

Mindo cão

Polícia Militar joga bomba em  moradores  de rua que estavam dormindo no ponto do ônibus em frente o Jardim Botânico.

Na canaleta do expresso em frente o Walmart do Cabral, um guardador de carros estendido no asfalto com a metade do corpo na pista. Parecia dormir.

Um comboio de viaturas da Polícia Federal passa, sirenes ligadas, e pessoas atentas a observar a cinematográfica ação policialesca.

Maldito sistema, onde o menosprezo da vida de humanos desgarrados chama menos atenção que o barulho de carro de polícia.

PS. Implorei, gritei, discursei até que um outro guardador arrastou  o pobre cidadão para a calçada.