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quinta-feira, julho 05, 2012

Sindicato dos Bancários: 80 anos de lutas e conquistas


O lançamento do livro que conta a trajetória do Sindicato dos Bancários de Curitiba é a concretização de um sonho antigo. Tive a grata oportunidade de acompanhar os primeiros passos da sua realização, na companhia do Lucas e Gustavo, dois estudantes da UFPR contratados pelo sindicato como estagiários para ajudar nas pesquisas.

A primeira etapa se deu através de um trabalho ininterrupto junto aos arquivos do Ministério do Trabalho e Emprego e do próprio sindicato. Foram três meses de idas e vindas para São José dos Pinhais, local do arquivo de documentos históricos do MTE e depois na Chácara dos Bancários em Piraquara.

Foi uma tarefa minuciosa e difícil.  Nestes dois lugares se encontrava armazenada farta documentação de quase cem anos de registro de vida trabalhista e sindical do Paraná.
Os documentos encontrados relativos aos bancários foram digitalizados, resultando na geração de mais de três mil imagens.

Além do privilégio da realização deste trabalho, houve também a preocupação da equipe em preservar os acervos. Foi comum encontrar documentos amarelados e em estado de decomposição, a exemplo do registro de fundação do Sindicato dos Estivadores de Paranaguá que ocorreu no começo do século passado. Em ambientes úmidos e com máscaras apropriadas - e mesmo sem ligação direta com os bancários -  muitos documentos foram recuperados. Havia a consciência de se preservar a história com foco nas futuras gerações.   


Depoimentos

Não menos importante que a pesquisa documental, foi a  reconstrução da história do sindicato sob a ótica daqueles que estavam na linha de frente do movimento. Com uma câmera na mão e um bloco de anotações na outra, saímos em campo para entrevistar os ex presidentes do sindicato e lideranças destacadas.

Esta tarefa foi emocionante. Os entrevistados, muitos de cabelos brancos e há anos afastados do cotidiano sindical, narravam fatos da época com tamanha precisão, que às vezes dava a impressão de que eles nunca se desligaram da experiência de um dia ter sido um dirigente sindical bancário. Cada um com sua crença, cada um com seu jeito de pensar e agir frente as lutas e desafios, mas todos com valor e respeito inquestionáveis pela categoria bancária.  


O livro é resultado do esforço e compreensão de toda a diretoria, a começar pelo presidente Otávio Dias. Mas mesmo assim, permito-me fazer uma reverência especial a dois companheiros. Em primeiro lugar, registrar o  entendimento da amiga Marisa Stedile sobre a importância de se registrar a história do sindicato, evidenciada quando ocupava o cargo de presidenta da entidade. Em segundo, reconhecer a elogiável obstinação do meu querido amigo Márcio Kieller, que no papel de coordenador, mostrou uma responsabilidade impar na apuração dos fatos e na busca de informações. 

segunda-feira, junho 18, 2012

Com Mírian Gonçalves até às quatro da manhã


Começo da década de 90. O Sindicato dos Bancários de Curitiba vivia momentos históricos. Era a consolidação de um longo processo que culminou com a retomada do poder no sindicato pelo MOB - Movimento de Oposição Bancária. Um ideário perseguido por companheiros partidários de uma nova concepção político-sindical pós  criação da CUT-Central Única dos Trabalhadores em 83.  A briga não foi fácil. Só quem participou das lutas nesse período é capaz de mensurar os embates e as dificuldades para romper com o sindicalismo pelego vigente na época.
Envolta num processo eleitoral conturbado, uma jovem advogada fez a diferença. Ela se chamava Mírian Gonçalves. A doutora Mírian. Movida pela crença de um novo sindicalismo para a categoria bancária, Mírian surpreendia no comprometimento com a causa e na tenacidade para lidar com os adversários.
Os reuniões se estendiam madrugada a  dentro. Bem viva na memória, está a cena de lavratura de atas às quatro da manhã - num frio de fazer gosto – com os  lados opostos em discussão ferrenha dos termos. Não raro, uma simples vírgula se tornava motivo para discussões intermináveis na Comissão Eleitoral. E a Mírian estava lá, acompanhando cada passo, cada reviravolta. Foram muitos os sobressaltos.
Valeu a pena. E como valeu! Ainda mais quando se aprende que a luta é intermitente.
Agora um novo desafio. E dos grandes. Na vice de Gustavo Fruet, Mirian se respalda na democracia interna do PT que sabidamente a elegeu ao cargo.  Mas é isso é só um começo.
Se realmente existe o entendimento de que Curitiba urge por mudanças político-administrativas, é preciso que todos os petistas estejam com a Mírian nessa empreitada, se preciso for, até às quatro da manhã.