terça-feira, fevereiro 02, 2021

PT – 41 anos em defesa do Brasil e do brasileiro

 "Partido é dos trabalhadores e das trabalhadoras!”

            Neste 10 de fevereiro celebramos em isolamento social, virtualmente e orgulhosamente, os 41 anos de muitas e muitas histórias de lutas e conquistas. Vivemos um tempo anticivilizatório sem precedentes há quase uma década de desgovernos, sem nenhum compromisso com a classe trabalhadora, com os oprimidos e com o povo brasileiro. O que estamos vivendo são desdobramentos do golpe de Estado orquestrado de 2016, com os desgovernos da extrema direita e suas reformas escravistas, e o desmonte dos direitos, dos serviços e dos patrimônios públicos. Nossa democracia e nossa soberania foram assaltadas. Assim, com o nosso país destruído e devastado, lamentamos, juntamente com a Mãe Terra. E com tamanha destruição e tantas maldades liberadas, a pandemia escancarou a desigualdade social, a violência de todos os tipos, o racismo, a misoginia, a LGBTQIA+fobia, o desemprego, a miséria e a fome. Escancaradas também as mentiras, a guerra de comunicação, ideológica, biológica, da vacina e outras guerras importadas do imperialismo estadunidense, causando uma nova forma de autoritarismo, ditadura e Holocausto. Portanto, o Brasil “nunca antes” precisou tanto do PT, por um Brasil livre, soberano, democrático e popular.

            Nestes 41 anos de existência e resistência, o partido nunca se omitiu em seus compromissos, não só com a classe trabalhadora, mas com todo o povo brasileiro, e está presente em todos os municípios do nosso país. “O PT é que defende você”. Assim, “nossa esperança tem duas filhas lindas: a indignação e a coragem”. “A indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão; a coragem, a mudá-las” (Santo Agostinho). Neste 10 de fevereiro é dia também de homenagear aqueles e aquelas que partiram e ajudaram muito a construir o PT, deixando um bom exemplo de militância, como Mário Pedrosa, de ficha nº 1 na fundação do partido, e também da companheira paraibana, jornalista do Brasil de Fato, Paula Adissi, autora da poesia sobre as companheiras(os) que nos tornam mais presentes e unidas(os) na luta sempre:


Ter companheiros

é como ter vida longa

vida eterna.

É saber que mesmo depois da morte

poderemos permanecer vivos

como os guerrilheiros cubanos,

os bolcheviques, e os integrantes de Palmares.

 

Ter companheiros

é a única e melhor coisa

que mesmo nesse mundo cão

que expropria tudo

e todas as felicidades,

podemos ter como maior tesouro

 

 

 

 

Ter companheiros

é deixar de ser um só.

É passar a fazer parte

das fileiras históricas

de seres humanos

que passaram a vida

na batalha

 

Ter companheiros

é estar mais perto da revolução

É sentir na voz deles,

em suas mãos, pés e pensamentos

na vida que eles dedicam,

o dia que viraremos esse mundo

e remontaremos nas melhores formas,

nas mais lindas cores e ao som das mais belas músicas,

e a poesia deixará de existir

pois estará em toda parte.


 

            Neste 10 de fevereiro vamos dar um viva à companheirada. Viva o PT – Partido dos trabalhadores e das trabalhadoras. Viva o Brasil e o povo brasileiro!

Toledo, 10 de fevereiro de 2021.

Prof.ª Joana Darc Faria de Souza e Silva.

Vice-presidenta do PT de Toledo/PR.

Professora de História, especialista em Ensino de História, Arte e

Cultura Africana, Afro-Brasileira e Indígena (UNIOESTE - Cascavel/PR).

  

domingo, janeiro 17, 2021

A primeira agulhada a gente nunca esquece

Diante de tanta demora e sufoco, sem dúvida, os brasileiros respiram aliviados ao testemunhar ao vivo e a cores a aplicação da primeira vacina anti Covid na enfermeira paulistana.

Mais realismo que pessimismo, o alívio sentido na poltrona de domingo pode durar pouco.

A cizania criada entre os postulantes ao cargo de presidente em 2022 - Dória x Jair - prenuncia mudanças no discurso do Planalto.

Nada surpreenderia se o Jair, amanhã, segunda, no cercado em frente o Alvorada, Jair volte a defender cloroquina, negue a importância da vacina, entre outros- impropérios afins.

E pior. Tem um bocado de gente que acredita piamente em tais falácias. 

PS:.  Pazuello acaba de convocar governadores para acompanhar a distribuição-embarque das vacinas em Guarulhos na segunda-18, às  7hs. Trata-se de reação ao faturamento político obtido por Dória ao sediar a primeira vacina.

Vê-se, sobra pirotecnia no processo.

17 de janeiro de 2021. A vacina chegou.

A primeira agulhada mostra ao país uma melancólica e vergonhosa guerrilha de poder. 

Do governo federal, o ineditismo de coletiva à  imprensa. 

Pasme. De forma educada e ordeira. Jair mandou e o Pazzuello assumiu na íntegra o papel de parceiraço da vacinação. Pasme mais um pouco. Pazzuello defendeu até o idolamento social como complemento protetivo à vacina.

Já Sao Paulo, estado protagonista na produção de vacinas, em coletiva faz uma catarse das dificuldades no relacionamento com o Governo Federal para viabilizar a vacinação. 

Doria se impõe numa narrativa segura, porém sempre ressentida em relação aos tropeços e boicotes oriundos do Planalto.

Em suma - Coronavac e AstraZeneca à parte - o cenário na disputa 2022 está posto: 

Saúde na pauta, direita ensandecida e chá de camomila para aguentar tudo isso. 

sábado, dezembro 19, 2020

Covid, Jair e mortes

 Não fosse a firmeza do ministro Alexandre de Moraes em frear atos anti democráticos, baderneiros da pior espécie estariam até hoje aterrorizando instituições em Brasília.

Pior. Ações violentas planejadas sob testemunho e conivência do governo JairB. 

Situações de gravidade semelhante continuam a ocorrer no país hoje,  porém sem a atenção devida das autoridades.

A Covid é uma delas. Alheiamento à realidade falta de pulso, pusilanimidade talvez,  permitiu o avanço incontrolavel das mortes. 

Legislativo e Supremo se curvaram às inépcias, banalizaram às fanfarronices do Governo ao invés de tomar as rédeas da situação.

Enquanto isso, uma horda moldada a imagem e semelhança do líder linguarudo mentiroso se fortalece e cria embaraços para frear a contaminação da doença. 

Que JairB é presidente eleito e tem prerrogativas inerentes ao cargo, todo mundo sabe. Contudo, a procuração passada nas urnas não lhe permite omitir do cidadão o valor da vida e os meios para preservá-la. 

Ainda há tempo. É só querer.

quarta-feira, novembro 18, 2020

O ser e o voto. Nuances.

Me imagino numa nave a observar o movimento humano na terra. Das alturas, me sinto instigada a ler e entender o pensamento do povo brasileiro.

No burburinho, ouço jornalistas empenhados a falar no amontoado de siglas partidárias. Escuto intelectuais a falar em direita, esquerda, centro etc e tal. Também vejo uma fila de homens e mulheres mascarados a votar em suas cidades. Sem alarde, votam e voltam para suas casas com a sensação do dever cumprido.

O homem que votou numa negra porque negra é, se preocupou em saber a qual partido ela pertence?

A mulher que deu o voto a uma transsexual se orientou por sigla partidária na hora do voto?

O cidadão que votou no índio levou em conta o nome do partido dele?

Um horizonte distinto se configura na razão das escolhas.

A valorização do outro pertencente a história renegada e a aceitação do outro como semelhante capaz de fazer diferenças. Eis a questão.

Será indicio de conscientização coletiva diferenciada se desenhando do espaço?

Sirlei Fernandes

terça-feira, novembro 17, 2020

Robustez político-partidária em pauta

Cedo ou não, pipocam análises a respeito de resultado das eleições municipais 2020. A unanimidade, parece, está na constatação do declínio da extrema-direita representada por seu líder maior, o presidente da República.

Sem partido, Jair apoiou seus preferidos de forma ilegal. Usou a estrutura pública para pedir votos. Apenas mais um ato a constar no rol de barbaridades praticadas pelo presidente. A estratégia foi frustrante.
E por falar em quem perdeu quem ganhou, a conversa da hora diz respeito a formação de uma Frente Ampla das Esquerdas rumo a 2022. Com a devida vênia, cumpre-me alertar que a ideia já nasce torta.
A Frente Ampla já existe. Basta ver a espontaneidade e ligeireza dos partidos progressistas em apoiar os candidatos de esquerda que foram para o segundo turno das eleições. Aplausos.
Outra questão. É difícil, quase uma utopia, imaginar que através do entendimento sereno se consiga escolher um nome que represente todas siglas num primeiro turno. Perder-se-ão horas em reuniões, debates, não raro afunilado em desgastes e aberturas de feridas às vezes de difícil cicatrização.
Mas... vem aí uma ideia interessante.

Que tal trazer de volta os Foruns?
Pode ser a realização do Fórum Brasileiro das Esquerdas Progressistas organizado por movimentos sociais, lideranças identificadas com o ideário socialista, partidos de esquerda, presença de lideranças da América Latina... Seria um sonho?
Arrisco afirmar que o Fórum Social dantes realizado teve edições gigantescas e profícuas. Se perdeu no caminho devido a obamização que impressionava o mundo com um negro presidente dos EUA. Se perdeu por não se achar num planeta assim tão extremado como hoje é o Brasil sob o governo Jair Bolsonaro, cópia do louco Donald Trump.
O mundo mudou. O Brasil mudou. 2013 foi o marco. Sete anos de absurdos. Mas dá para correr atrás do prejuízo.

domingo, agosto 09, 2020

Uma história. Um pai. Uma vida.

Anos de economia próspera por conta da exploração da madeira, principalmente da derrubada dos pinheirais em abundância. As serrarias davam vida a pequenos vilarejos, cujos habitantes lá trabalhavam na transformação das enormes toras em tábuas prontas para transporte.

Uma ou duas bodegas de venda de cereais a kilo, metros de xita e fumo de corda. Dois a três botecos onde homens de camisa xadrez desbotada batiam ponto após dia de lida bruta. A igreja no alto patrocinada pelo madeireiro rico e a escola primária donde numa sala só se aprendia caligrafia e tabuada da 1ª a 4ª série. As mulheres a lavar roupa no tanque a beira do olho d´agua, assar fornadas de pão no forno de lenha no quintal e a amamentar a prole.
Assim passavam os dias.
O bom dia comadre e como vai compadre dava mostra inequívoca que todos se conheciam.
Até que.
Um homem negro, alto, jovem e bonito. Assim podia se descrever o homem que por lá apareceu sem ninguém esperar.
Bastaram poucos dias para Horácio -assim ele se chamava - estabelecer-se como carpinteiro no vilarejo. As madeiras brutas ganhavam forma de guarda-comida e, dizem, de caixões de defunto feitos no maior capricho.
Foi na entrega de um guarda-louça encomendado por Astrogildo, morador das antigas da vila, proprietário de grande quantia de terra, que o coração do Horácio deu saltos.
O começo aconteceu ali, entre olhares marotos de cumplicidades. Os olhos de Mirian brilhavam enquanto o pai e o carpinteiro se acertavam nos detalhes do móvel. Horácio voltou uma, duas, mais vezes naquela casa só para ver Mirian. Eles estavam apaixonados. Essa era a grande verdade.
Mas a felicidade durou pouco.
Ao saber do interesse de Horácio pela filha, Astrogildo virou um bicho. Esbravejou aos quatro cantos dizendo jamais permitir que uma filha sua se casasse com um preto aventureiro filho de escravos.
Magoado, decepcionado com a reação do velho Astrogildo, Horácio renuncia a sua grande e fugaz paixão. De pronto fecha a pequena oficina de carpintaria e some pelo mundo afora.
Dezesseis anos se passaram.
Passou só no calendário, porque a rotina pacata da vila continuava tal qual anos atrás.
Ele continuava bonitão, mesmo com aparência um pouco mais amadurecida denunciada pelos fios de cabelo branco.
Horácio voltou.
Muitos se lembravam dele e se apressavam a contar as novidades desde então. No fundo, no fundo Horácio queria mesmo era saber da Mirian.
Mirian casou. Vivia com Juvenal, homem branco, olhos verdes, tal qual Astrogildo queria como genro ideal. Sete filhos. Isso mesmo. Mirian tinha sete filhos, quatro homens e três mulheres. A filha primogênita recebeu o nome de Maria, mas desde pequena chamavam-na de Morena.
Morena tinha compleição miúda, meio tímida e muito trabalhadeira. Filha mais velha, teve que ajudar a mãe Mirian cuidar da criançada procriada depois dela. Tinha só quinze anos, mas aparentava mais idade dada a dura vida imposta pelas circunstâncias.
Encostado no balcão, Horácio viu uma mocinha sair da bodega com pesadas sacolas nas mãos. De imediato ofereceu ajuda e, embora reticente, a menina resolveu aceitar o préstimo.
Qual surpresa de Horácio, ao descobrir que a jovem era Morena, a filha mais velha de Mirian, a mulher cuja paixão arrebatou-lhe os sentidos noutros tempos.
Ao reconhecer Horácio, Mirian oferece um café ao inesperado visitante e em poucas palavras falam da vida e suas reviravoltas.
Horácio contou que havia casado, que teve duas filhas e agora estava viúvo. Disse que as meninas estavam morando temporariamente com a avó, mãe da falecida mulher, mas que a intenção dele seria se estabelecer na vila e trazer as filhas para morar junto.
Pois bem. Do canto da sala Morena ouviu toda a história sem dar um pio. Ela não entendeu nem tampouco perguntou à Mirian de onde e se já conhecia Horácio. Achou normal a mãe conversar com um estranho que a acompanhou até em casa.
Vez ou outra Horácio via Morena a andar pelos carreiros da vila. Trocavam cumprimentos e não raro até breves palavras.
Até que um dia veio a cartada. Horácio pede à Morena para fugir com ele. Alegou, a princípio, que precisava de alguém que cuidasse das duas filhas dele, mas que também gostava dela.
Morena ficou desesperada, passou a noite sem dormir pensando na inesperada proposta. Mesmo jovem e despreparada, topou fugir com Horácio. Estava se sentindo cansada, sem perspectiva nenhuma de futuro na casa dos pais.
Mirian virou-lhe as costas. Por um bom tempo não falou com a filha. Afinal, a Morena fugiu com o homem que foi sua grande paixão na juventude.
No novo lar, Morena trabalhava como nunca. Sem experimentar maternidade, cuidava das meninas do Horácio sem se dar conta da vida minguada.
Até que um dia Morena engravidou. Teve uma filha aos trancos e barrancos que veio a falecer aos dois anos. Morreu de fome e desnutrição. Os antigos diziam que era Doença de Macaco.
Nessas alturas já estava grávida de novo. Nasceu outra menina e depois mais outra... Ao todo, Morena vingou sete filhas.
Horácio era um pai carinhoso, homem bom. Mas quando tomava umas cachaças... o que era por demais frequente, a filharada se escondia no porão até ele se acalmar. Nas crises de bebedeira, ficava agressivo, jogava panelas para o alto, depois ia prá cama. No outro dia fazia tudo igual.
Morena sofria para cuidar sozinha das duas enteadas mais das filhas que vieram depois.
Vendo as filhas dele com a primeira mulher a sofrer privações, Horácio decidiu levá-las para morar com a avó materna, distante a uns 30km da vila.
As demais crianças viviam aos trancos e barrancos. Se a cabrita desse leite e o milho verde florescesse, tinham o que beber e comer.
Até que.
Lidia, irmã mais nova de Morena, uma jovem de porte bonito com jeito de moça da cidade, aparece na vila em visita à mana. Elas não mais se viram desde a fatídica fuga.
Lidia se surpreendeu com a vida precária daquela família. Ficou assustada com uma renca de crianças a sobreviver por teimosia naquela pequena casa fria cheia de frestas no chão de tábuas gastas.
Lidia pensou num jeito de ajudar Morena. Sugeriu - e Horácio de imediato concordou- em levar a maiorzinha de uns 3 anos para morar com a avó Mirian.
Há tempos Mirian havia se mudado da vila. A família foi embora de mala e cuia para uma cidade distante. A serraria encerrou as atividades e, sem perspectivas, muitos que dali tiravam o sustento abandonaram o povoado.
A menina cresceu criada pelos tios e avó. Só viu mãe, pai e as 6 irmãs mais novas – umas três vezes até completar 20 anos.
...
Noite de Carnaval. Como toda cidade do interior que se preza, os bailes nos clubes ferviam até o amanhecer. Lá pelas três da manhã um homem em trajes não carnavalescos, adentra o salão, avista a jovem a brincar esfuziante a marchinha, puxa-lhe o braço e diz:
- “O seu pai morreu”.
- Pai? Que pai? Exclama a menina assustada. Quando ele morreu?
- Há uns dois meses.
A menina decidiu pensar no caso só no outro dia. Afinal, o último dia de carnaval é sagrado e a ordem é aproveitar até o último acorde.